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Visitas ad limina

Nesta semana, os bispos das províncias eclesiásticas de São Paulo, Aparecida e Sorocaba estão em Roma, fazendo as visitas ad limina Apostolorum. Também me encontro lá, juntamente com os bispos auxiliares de São Paulo. São as visitas “aos túmulos dos Apóstolos Pedro e Paulo”, em Roma, que os bispos do mundo inteiro devem fazer de tempos em tempos. Mas é claro, trata-se das visitas ao Papa, bispo de Roma e sucessor de Pedro na missão de pastorear a Igreja inteira.

As visitas ad limina são uma tradição antiga e muito significativa na Igreja. De certa forma, elas têm sua origem naquela visita que o apóstolo Paulo, com Barnabé e Tito, fizeram a Pedro, Tiago e João, em Jerusalém. Eles queriam expor aos três, que eram considerados “as colunas da Igreja”, a missão e a pregação que faziam entre os pagãos para ver se estavam no caminho certo. Paulo sentiu-se confirmado por Pedro e voltou com renovado entusiasmo à sua missão entre os pagãos (cf. Gl 1,18. 2,1-10). Ele lembra bem a recomendação que recebeu de Pedro, Tiago e João naquela visita: “não se esquecer dos pobres”  (cf. Gl 2,10).

As visitas ao Papa são preparadas com antecedência pelos bispos, que elaboram um relatório sobre a situação das respectivas dioceses. Nas reuniões, eles relatam ao Papa e aos seus mais estreitos colaboradores os diversos aspectos da vida e da missão da Igreja das dioceses, que foram confiadas ao cuidado pessoal de cada um deles. As visitas incluem reuniões nos principais Dicastérios da Cúria Romana, como o da Evangelização, da Doutrina da Fé, da Promoção do Desenvolvimento Humano Integral, dos Leigos, Família e Vida, dos Bispos, da Liturgia, do Clero, dos Religiosos, da Cultura e Educação. No final dessa maratona de visitas, acontece a reunião do grupo com o Papa, para relatar e ouvir dele as orientações que queira dar.

Também fazem parte da visita ad limina as celebrações nas quatro basílicas papais: São Pedro, no Vaticano; São Paulo Fora dos Muros; São João de Latrão; e Santa Maria Maior. As duas primeiras guardam a memória do martírio e do túmulo dos apóstolos Pedro e Paulo. A terceira é a Catedral do Papa na diocese de Roma. O significado simbólico dessas celebrações é bonito e profundo: o Papa é o sucessor de Pedro e testemunha de sua profissão de fé; e, também, o primeiro responsável por levar adiante na Igreja a missão de Paulo. Os bispos, sucessores dos Apóstolos, renovam sua fé apostólica junto do túmulo dos Apóstolos, unindo-se às multidões de pastores, santos e testemunhas da fé que, antes deles, ao longo dos séculos, também o fizeram. E renovam sua comunhão de fé com o Sucessor de Pedro e sua unidade com o Bispo de Roma, guardião visível da fé e da unidade da Igreja.

As visitas ad limina ajudam a compreender um pouco melhor a Igreja. Mais do que uma organização bem estruturada, com doutrinas e leis bem elaboradas, com instituições visíveis, ela é a comunidade dos discípulos, testemunhas e missionários de Jesus Cristo e do seu Evangelho no mundo. Ela é formada de pessoas, unidas pe-los laços da fé comum e da comunhão com aqueles que representam e car-regam a responsabilidade maior pela vida e a missão dessa mesma Igreja. O Papa representa a comunhão universal da fé da Igreja. Os bispos são testemunhas, servidores e encarregados da comunhão da fé e da vida da Igreja, presente em cada diocese.

E, todos juntos, unidos com o Papa, os bispos são corresponsáveis pela vida e a missão da Igreja inteira. Os bispos não exercem sua missão de maneira isolada, mas em comunhão com os outros bispos e com o Papa. E o povo de Deus tem em cada diocese o seu pas-tor imediato e a referência da comu-nhão com o Papa e com toda a Igreja. Mas nem os bispos nem o Papa dão a si mesmos a missão que exercem: eles recebem-na e a exercem na co-munhão eclesial. Mas nem a própria Igreja dá origem à missão do Bispo e do Papa: essa lhes é dada pela graça de Cristo, mediante o dom do Espírito Santo, que é o verdadeiro animador e “zelador” da Igreja, aquele que a mantém na comunhão de fé, esperança e caridade e lhe dá constante vitalidade.

Por aí compreendemos bem que as visitas ad limina são expressão de comunhão e corresponsabilidade dos bispos com o Papa e com a Igreja inteira. Mediante essa visita, os bispos expressam de maneira eloquente sua “solicitude por todas as Igrejas”, exercida junto com o Papa. O povo de Deus pode ficar feliz com as visitas que seus bispos fazem ao Papa. Eles levam no coração suas comunidades diocesanas nos encontros com o Papa e seus colaboradores e recebem do Papa a confirmação na fé e na missão que exercem em suas dioceses. E recebem as bênçãos “de Pedro e Paulo” para o povo que lhes está confiado.

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